REVISTA COMÉRCIO & MERCADO
Administração
Como crescer em momentos de crise
Mesmo em momentos difíceis é possível crescer. Para isso é preciso inovação e foco no cliente.
O momento atual, como é do conhecimento de todos, é de crise mundial. Como decorrência natural desse cenário, é esperado um impacto na atividade econômica no mundo, e inclui-se aí o Brasil, apesar de o País ter, na opinião de economistas, reagido melhor do que em épocas passadas aos primeiros efeitos da turbulência. Daí pode surgir a pergunta: Se esses desdobramentos são inevitáveis e atingem todos em função da globalização verificada nos dias atuais, qual deve ser a postura que as empresas devem adotar diante do quadro sombrio que se desenha?
Nesses casos, a tendência inicial é de que as companhias se preocupem com a própria sobrevivência e com a prevenção de perdas que possam vir a ocorrer, numa visão nada otimista. Entretanto, deve-se destacar que nem todas as corporações encaram a crise da mesma maneira. Além daquelas que acreditam que suas atividades serão afetadas negativamente pelo movimento de retração dos mercados e por isso já esperam conseqüências negativas (possivelmente a maioria), há também quem vislumbre, justamente nesses momentos críticos, algumas oportunidades de crescimento.
Essa tendência é verificada, bastante, em empresas que, em atitude proativa, já estavam prontas para enfrentar períodos de turbulência e de recessão. São companhias que já se prepararam com antecedência e certamente perceberam algo de que nem todos se dão conta: o fato de que é muito mais fácil ganhar mercado nos momentos de crise do que em épocas em que tudo vai bem. Pensando desse modo, geralmente desenvolvem estratégias que objetivam não apenas minimizar os efeitos de uma desaceleração econômica, mas também ousar e inovar para reforçar sua presença no mercado.
Independentemente se a empresa teve essa percepção de forma antecipada ou não, a primeira regra a ser seguida nesses períodos de instabilidade é manter o foco no cliente. Conhecer bem o consumidor e seus hábitos será fundamental à medida que será a correta identificação de suas prioridades, que irá indicar a direção a seguir. O problema é que, em épocas de recessão, o comportamento de consumo das pessoas costuma modificar-se, embora geralmente ocorra gradualmente. Uma das ações mais importantes então passa a ser justamente avaliar e identificar essas mudanças de prioridade. De posse dessas informações pode-se por exemplo, se for interessante, lançar um produto ou serviço de características menos sofisticadas, mas sem perda de qualidade, voltado para um público de uma classe acostumada com padrões mais elevados, mas que no momento está adaptando-se a uma nova realidade econômica.
Também é interessante que se usem nesses momentos de desaquecimento como suporte para que sejam implementadas modificações que irão tornar a empresa mais competitiva e menos vulnerável futuramente. Inovações, é claro, carregam consigo uma certa dose de risco, por isso antes de qualquer passo nesse sentido é necessária uma avaliação prévia para verificar a viabilidade do projeto. No caso do lançamento de uma nova linha de produtos, por exemplo, deve-se fazer a seguinte pergunta: “O custo do investimento irá compensar a execução da nova ideia?”
Outra questão que não pode deixar de ser mencionada é o comportamento diante da concorrência. A empresa pode, em momentos de crise e com base no planejamento estratégico, promover mudanças para não perder mercado e até conseguir vantagem competitiva. Entretanto, além de atenção aos rumos da economia, deve-se estar atento às ações dos concorrentes. E, do mesmo modo, é preciso ter a consciência de que as empresas concorrentes também podem não estar inertes. Assim, ao desenvolver uma nova ideia, é importante administrar bem a questão dos prazos, para que não haja chance de outra companhia aperfeiçoar a ideia antes.